quarta-feira, 24 de agosto de 2016

O 'não' que te vai fazer feliz um dia...

Ser mãe (ou pai) é desafiante a cada minuto que passa... e a aventura começa logo naquele instante em que se recebe a notícia mais estonteante da nossa vida: vamos ser pais!! Tantas decisões para serem tomadas, tantas dúvidas para esclarecer, tantos receios a ultrapassar. Nove meses em autêntico turbilhão de emoções... que não serão nada comparadas com o que se seguirá quando aquele serzinho (aparentemente) frágil e indefeso sair cá para fora.




(Mamãs à espera de bebé, recomenda-se pararem a leitura deste post por aqui...) ;)

A ditadura começa logo ao primeiro choro. O nosso mundo pára de girar quando a nossa cria reclama. Fome, sede, fralda suja, sono, às suas ordens nos colocamos. Os nossos hábitos já enraizados desaparecem à velocidade da luz (ou melhor, do som, e um som bem agudo...), porque aquele bebé torna-se o centro da nossa própria existência. Meses sem dormir decentemente. Quando pensamos que está tudo sossegado e podemos ter um minuto para nós, lá recomeça a rotina toda de dar de mamar, trocar fralda, adormecer...    

Mas o milagre acontece a cada segundo que passa. Tudo no nosso bebé nos inspira carinho e descobrimos em nós uma capacidade de amar para além de tudo aquilo que supúnhamos ser possível. Um amor que nos faz virar feras quando vemos os nossos filhos atacados ou menos bem tratados, que nos faz muitas vezes perder a objetividade e cair no exagero de tudo lhes perdoar sem lhes mostrar as consequências dos seus atos, de tudo lhes dar sem olhar a meios, de só lhes mostrar o lado doce da vida. E quem disse que os pais são perfeitos? Aprendemos a caminhar nesta missão assim como os nossos filhos aprendem os primeiros passos. Caímos vezes sem conta, mas procuramos apoio e levantamo-nos, umas vezes com firmeza, outras mais hesitantes... Não há pais perfeitos, há sim pais que se esforçam, que aprendem com os seus erros.



Sou uma dessas mães, nada perfeitas, cheia de falhas, mas que procura olhar para estes quase dez anos de aprendizagem e retirar lições que permitam um futuro tranquilo e feliz para a nossa família. Não me posso queixar, tirando o gene da teimosia que tanto eu como o meu marido temos e que devemos ter passado em dose dupla ao nosso rebento, o G. é um menino super bem-disposto, tão bem-disposto que às vezes até cansa. Nestes quase dez anos, as gargalhadas dele superaram a uma grande distância as birras, tem um coração lindo, um sorriso que lhe sai projetado da alma, tem tudo isto mas também tem dias menos bons, como qualquer criança - algo de errado se passará com aquela que for sempre irrepreensível.


                          
Nesses momentos menos razoáveis, há que o trazer à terra. Mostrar que mesmo ele sendo o centro do nosso mundo, isso não quer dizer que tudo lhe seja permitido. Que nós, pais, mesmo não sendo os absolutos donos da verdade, temos mais experiência e só pensamos no bem-estar dele, que a sua curta existência ainda não consegue discernir todos os perigos que as suas atitudes e comportamentos podem provocar.

São os momentos 'Não'. Dizer 'não' aos nossos filhos no momento certo é dos melhores contributos que podemos dar para que se tornem adultos responsáveis. Quando tudo são facilidades, o preço a pagar pode ser caro demais. O amor que dedicamos aos nossos filhos não é proporcional às vontades que lhes fazemos. E também não há mal nenhum em lhes fazermos a vontade quando as situações são racionais. O perigo vem quando a criança nunca é contrariada e se torna uma pequena ditadora. Será sempre um adulto que não saberá lidar com as suas frustrações.


    

2 comentários:

Muito obrigada pelo seu comentário, vou ler com toda a atenção e responder aqui no post :D Se tem um blog, não se esqueça de deixar o endereço, quero muito conhecê-lo ;)