sábado, 20 de agosto de 2016

Sozinhos em casa

Acabo de ver na imprensa de hoje mais um caso de uma criança resgatada pela polícia e que estaria sozinha em casa. Com seis anos apenas. A chorar, apavorada, à janela (local perigoso por excelência para uma criança, especialmente quando se sente sozinha e abandonada, quando só quer que a tirem dali...), procurando o auxílio de alguém.


Nada justifica o abandono de uma criança de tão tenra idade. Muitos argumentos poderão rebater a minha opinião: os pais têm de trabalhar e não têm com quem a deixar, não iam demorar, alguém iria de vez em quando ver se precisava de alguma coisa... Nada, mas mesmo nada, pode justificar semelhante comportamento.  

Melhor que ninguém sei como é difícil criar um filho sem família por perto. Qualquer coisa que aconteça de repente, estamos sem rede, por nossa conta. Eu e o meu marido passámos por isso vezes sem fim. Então quando o meu marido adoeceu foi o caos, cheguei a ter de correr para a urgência com uma criança de dois anos e meio ao colo.

Uma criança de tenra idade deixada em casa por sua conta e risco pode ser um convite à desgraça. Lembremo-nos do que aconteceu com a menina de cinco anos que caiu no início deste ano de um 21.º andar no Parque das Nações. O desespero que não deve ter sentido para ter vencido o medo das alturas e se ter empoleirado na janela de onde viria a perder a vida. E outras situações podem acontecer que uma criança pequena, só por si, não consegue resolver, uma situação de incêndio, por exemplo, ou alguém que saiba que se encontra sozinha e desprotegida e lhe tente fazer mal...

É uma questão de mentalidade. E de acharmos que nada de mal pode acontecer. Nas gerações anteriores, as crianças eram tratadas como adultos em ponto pequeno, ficarem sozinhas em casa era coisa normal e mais normal ainda era ficarem a desempenhar tarefas domésticas, especialmente em famílias de maior dimensão. Mas, felizmente, hoje em dia, as crianças são tratadas como crianças. Por mais que devamos conversar com elas sobre tudo o que nos rodeia, não devemos esquecer que a sua visão das coisas é muito condicionada pela idade que têm. Não têm a  verdadeira noção do perigo. E essa é a nossa missão, protegê-las, dar-lhes as ferramentas para serem jovens e adultos responsáveis e felizes, mas nunca as abandonar à sua sorte.

       

    

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