segunda-feira, 29 de agosto de 2016

Confiar também é educar

Tinha do povo alemão uma visão de um povo algo rígido, pouco descontraído. Mas há dias li na revista Time  (http://time.com/) um artigo que relatava a experiência de uma mãe americana que vai viver para a Alemanha e dá de caras com uma realidade com a qual não esperava deparar-se: um povo que tenta incutir as noções de responsabilidade e confiança nas suas crianças desde muito cedo e de uma forma muito natural e descontraída.

Uma das coisas que lhe fez imensa confusão foi estar num parque infantil e ver os pais completamente embrenhados nas suas conversas, enquanto os miúdos brincavam e trepavam por todo o lado, chegando mesmo a atingir grandes alturas em brinquedos mais altos. Também a mim faria, confesso, que não tiro os olhos do meu nem por nada, então especialmente quando era mais pequenino, eu era a verdadeira mãe-sombra, ficava sem pinga de sangue se de repente ele se me escapava da vista...

   
Outro facto que causou estupefação a Sara foi a forma como as crianças no pré-escolar não são de forma alguma estimuladas para a leitura. O jardim de infância funciona apenas como um espaço de brincadeira e de aprendizagem das regras básicas da interação social. E mesmo no primeiro ano do ensino oficial, as crianças não são tão forçadas a ler como por exemplo no nosso país. E até se podia pensar que os indicadores de literacia na Alemanha poderiam sair prejudicados, mas não, estão mesmo acima da média. Não me conformo com isto, vai contra todos os meus princípios!! ;) Não acho que se deva forçar, mas sim corresponder aos estímulos das crianças dessas idades, elas querem sempre mais, não lhes devemos negar isso. Eu lembro-me do meu G. com três anos e uns meses, na hora de lermos as histórias do final do dia, interrompia-me diversas vezes a perguntar que letra era aquela e mais aquela e a outra...

Uma coisa que os alemães encorajam imenso e aí, dou-lhes toda a razão, é o contacto das suas crianças com os espaços de brincadeira ao ar livre. O clima por lá, como sabemos, está longe de ser ameno, mas nem nos dias cinzentos e frios prendem os petizes em casa.

Deixar os filhos andarem pelas redondezas sozinhos é outra coisa que também faz parte da mentalidade alemã. Na sua perspetiva, não se trata de desleixo ou abandono, mas sim de lhes transmitir confiança e fazer com que ganhem mais responsabilidade. Se eu até posso perceber a lógica deste ponto de vista, daí a pô-lo em prática vão outros quinhentos. Não sou uma assanhada mãe-galinha, mas não consigo ficar descansada, provavelmente porque a zona onde vivemos a nível de trândito é algo complicada. Faz-me muita confusão deixá-lo ir sozinho a qualquer lado. Também ainda fez 10 anos agora e não tardará o dia em que vai ficar envergonhado de andar com a mãe atrás, e nessa altura, por mais que me custe, vou ter de lhe dar o espaço dele... sempre com um olho fechado e outro aberto!!! LOLL

Na verdade, a conclusão que tirei deste artigo que podem ler em http://time.com/3720541/how-to-parent-like-a-german/?xid=time_socialflow_twitter foi que, às vezes, querer controlar tudo pode não ser tão benéfico como pensamos. É certo que não vou passar a deixar o rapaz à solta, nem pouco mais ou menos, mas às vezes, se relaxar um pouco posso transmitir-lhe mais confiança. Sabemos como os nossos filhos ficam orgulhosos da confiança que depositamos neles e isso também é muito importante para o seu desenvolvimento, fazê-los sentir "eu sou capaz!".

   

      

     

 

4 comentários:

  1. Antigamente brincavamos todos na rua e nem sempre todos os pais estavam de olho, mas eram outros tempos. Não sou mãe, mas penso que também não deixaria um filho meu passear nas redondezas sem que estivesse a ver. Contudo, controlar tudo a 100% também penso que não é benéfico, tem que haver espaço para a criança crescer, cometer erros, perceber que os erros têm consequências, etc etc
    Gostei de saber que no jardim de infância a alemanha tenta incutir as regras básicas de interação social, penso que só pode trazer vantagens e se calhar evita muita coisa..
    Beijinhos

    Blog ChocoPink / Instagram / Facebook

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    1. É verdade Tânia, eram outros tempos, eu também brincava na rua e ia sozinha para a escola desde o 2.º dia de aulas do 1.º ano... Lá está, o ideal é haver um meio termo :) Beijinho **

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  2. E aqui está a prometida passagem pelo espaço, ao qual mais me vou dedicar / aprofundar futuramente! Passo, mas não fico de passagem, fico por cá! Força na continuação e que o espaço possa crescer!

    Di[o]go

    aquiloquetenhoadizer.blogspot.com/

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Muito obrigada pelo seu comentário, vou ler com toda a atenção e responder aqui no post :D Se tem um blog, não se esqueça de deixar o endereço, quero muito conhecê-lo ;)